Josh vivia em um mundo mágico. Não
em um conto de fadas, mas dentro da realidade. É que Josh era um ilusionista.
Seus medos sumiam com a mágica; ele se tornava alguém tomado pela coragem e era
motivado por desafios.
Seu melhor número era o da serra
elétrica, onde ele era amarrado em cima de uma mesa e a serra lhe partia ao
meio, mas depois ele surgia inteiro após o mover dos lençóis. O público ficava
maravilhado com o espetáculo. Era algo realmente perigoso, mas ele sempre soube
apresentar o truque muito bem.
É claro que no meio dessa vida
mágica de fama e emoção há quem tem inveja dos méritos alheios. Havia sempre
alguém querendo roubar seus números e descobrir seus segredos. Josh não tinha
família nem amigos, portanto não compartilhava seus truques com ninguém.
Certa vez Josh, em um de seus
números, pediu uma voluntária para o truque da levitação. Uma mulher belíssima
se ofereceu para ajudá-lo. Após o número final, a mesma mulher o procurou.
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Olá.
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Oi. Gostou do meu número? – Perguntou Josh, empolgado.
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Oh sim. É sobre isso mesmo que queria falar com você. Eu queria saber se
poderia ser sua assistente. Sou apaixonada por mágica.
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Não esperava por isso. Eu nunca tive assistentes.
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Entendo. Mas você poderia fazer uns testes comigo. Se não gostar, vou entender
se me dispensar.
_
Tudo bem. Vou lhe passar meu endereço. Esteja lá às 10 horas da manhã. Qual seu
nome mesmo?
_
Obrigada. Me chamo Natasha.
No outro dia, às 10 horas em ponto
Natasha já estava na porta da mansão de Josh. Se cumprimentaram e logo o
ilusionista estava usando seus truques, mais para encantar Natasha que para
ensinar seu ofício.
Em pouco mais de 1 mês, a mulher
demonstrava total entendimento sobre tudo que Josh lhe havia passado. Sua
beleza e dedicação pela mágica, fez Josh se apaixonar.
Numa noite, após uma apresentação,
Josh não conseguiu se conter e roubou um beijo de Natasha. Josh agora entrava
num espetáculo mais perigoso que qualquer truque: o amor. Estando completamente
apaixonado por sua assistente, Josh também se tornou incapaz de dizer não. E
quando Natasha lhe perguntou como era feito o truque da serra, ele lhe disse
sem nenhum receio:
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Bem, a cama em que me deito já é dividida ao meio. Em cada um dos lados tem um
compartimento. Em uma delas me deito deixando o tronco e cabeça visíveis,
enquanto minhas pernas ficam neste compartimento. No outro, tem um boneco com
as pernas à vista e o resto de seu corpo fica no outro compartimento.
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Mas já ouvi falar que as pernas se mexiam enquanto estavam naquela mesa.
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Isso há muito tempo. Eu fazia esse número com meu irmão que foi levado pelo
câncer. Desde então, não quis substituí-lo.
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Sinto muito.
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Obrigado.
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Não posso fazer o número com você, não é?
_
Não.
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Tudo bem, mas quando poderei ver este número ao vivo?
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Amanhã.
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Ótimo!
E como prometido, no outro dia, no
palco, Natasha e Josh anunciavam o espetáculo da serra elétrica. Enquanto uma
cortina era baixada, Natasha pediu um beijo. Obviamente Josh não negou. Assim
que o casal se beijou, Josh desmaiou. Natasha tinha na boca uma pílula de
sonífero que passou para Josh durante o beijo e que derreteu na boca dele.
Natasha o colocou sobre a mesa e o
amarrou. Dessa vez o truque seria real mas não muito bem sucedido. Assim que a
cortina subiu, a serra começou a descer em direção ao corpo de Josh. Quando ela
o tocou, sangue voou para cima da platéia que começou a gritar e sair correndo.
Natasha forçou-se a chorar e fingiu um desmaio.
O tempo passou e o “acidente” foi
esquecido sem que alguém fosse punido. Em outro país, o espetáculo se repetia.
A estrela era Natasha, que nunca falhava. Seu maior truque era não se
apaixonar, não correndo o risco de cegar-se e entregar seus segredos, como
todos os seus admiradores faziam.